quinta-feira, 3 de junho de 2010

CADÊ O SEX, Ô, PSIT?

Dia desses, Sartre me convidou para ver Sex and The City 2. Li a sinopse e achei que se tratava de um típico filme francês: quatro amigas, com problemas diversos - tédio no casamento, patrão opressor, chegada da menopausa e filhos demandantes -, resolvem viajar juntas para o Oriente Médio.

Fui entusiasmada. A julgar pela descrição e título, o programa prometia muita
sacanagem e verborragia. O que mais pode-se querer de um filme?

Tomamos nossos assentos. Sartre sentou de lado. Queria ver o filme com o olho esquerdo.

Logo no início, a primeira boa surpresa. Lisa Minelli apareceu cantando. Como ela está bem. Interpretou uma Ana Maria Braga com perfeição.

A aparente solução para os problemas enfrentados pelas moças é dado por um xeque que resolve convidá-las para conhecer Abu Dabi com todas as despesas pagas,
incluindo passagens aéreas na primeira classe e suítes presidenciais. Pensei, huum,
chegamos ao ponto, agora sim vai rolar a sacanagem e um debate sobre prostituição.
Ledo engano. O xeque não queria nada em troca.

O filme foi avançando e nem sinal de sex ou de city. Só shopping. O próprio Oriente era Médio. Parecia mais um resort em Miami. Comecei a ficar preocupada. Pouca coisa acontecia, além de sucessivas trocas de roupas.

Perguntei a Sartre se não tínhamos nos enganado de sala, se não estávamos vendo um filme promocional de algum costureiro famoso ou de uma marca de sapatos.

Mas Sartre estava se divertindo. Lá em casa é ele que gosta de comédias
românticas. Inclusive, na cena em que a protagonista liga culpada para o seu marido para lhe contar que beijou um ex-namorado que encontrou, por acaso, durante
a viagem, foi o único na sala a soltar uma enorme gargalhada.

Os estúdios deveriam lançar esse tipo de filme em 3D. É um ótimo recurso para deixar
os personagens menos planos.

Em determinado momento, surgiu uma metáfora engenhosa. As quatro moças, lindas
e ocidentalmente vestidas, estão sendo perseguidas num mercado árabe. Para escapar e voltar à civilização, elas vestem burcas libertadoras.

Na saída, Sartre me perguntou com qual personagem me identifiquei mais. Não tive dúvida. Foi com o Mr Big. O único que teve um comportamento admirável. Comprou uma super Tevê flat screen para ver a Copa deitado na cama. Esse é dos meus.